Pesadelo?
De repente, desperto sobressaltado. Barulhos ensurdecedores por toda parte me deixam aterrorizado. Abro os olhos, devagar, e examino em volta. Percebo ruínas e cheiro desagradável, que não consigo identificar. Clarões iluminam os céus. A poeira toma conta de tudo, e eu me sinto sufocar. Onde estou? Como vim parar aqui? Ninguém por perto para responder às minhas perguntas aflitas. Começo a caminhar e caio. O chão está todo esburacado e ouço gemidos. Vou ao encontro deles. Vêm de baixo. Levanto umas tábuas com esforço e consigo localizar de onde vêm os sons. Esgueiro-me entre alguns pedaços de parede, ainda de pé, e encontro um pequeno vulto . Está enrolado em uma esfarrapada manta. Os gemidos aumentam e eu tomo aquele corpo, que se prende ao meu pescoço e me crava as unhas, em desespero, mas que logo se entrega quando o aperto contra o peito. Temos de sair dali, porque tudo range em volta, ameaçando desabar. Corro e tropeço, a cada instante, mas continuo agarrado àquele corpo que já não reage.
Novas explosões me fazem pensar que agora será nosso fim, mas elas cessam e eu vejo luzes que vêm em minha direção. Percebo homens berrando ordens, mas não entendo o que dizem. Eles estão tentando apagar um fogaréu que vejo à minha frente. Minha mente se ilumina como o clarão que quase me cega! Será que estou numa das torres do World Trade Center? Será que sou testemunha viva da imensa tragédia que se abateu sobre as inocentes vítimas do centro comercial norte-americano? Percebo, agora, que o cheiro estranho que antes senti era uma mistura de carne humana carbonizada junto com madeira e óleo queimado.
- Meu Deus, o que esses terroristas fazem com seus semelhantes! Que gente é essa, sem entranhas, que atinge a todos, indiscriminadamente, por uma causa que eles tentam impor ao mundo como justa?
Agarrado ao corpo, quero chegar logo junto a alguém, para expressar minha indignação e horror; quero berrar o meu protesto contra o terrorismo que arrasa o que encontra pela frente, implacavelmente.
Aquela criança no meu colo é a prova de que necessito para me engajar na luta contra esses odiosos destruidores da vida alheia. Livro-me dos últimos escombros e corro na direção do vultos mais próximo. Ele me ilumina o rosto, e vai ao meu encontro, esticando os braços para recolher o pequeno corpo enrolado na manta. Outras pessoas vêm até nós, com tochas e lanternas e aí vejo que os homens têm turbantes e as mulheres, véus. Olho para trás e, em lugar dos escombros do World Trade Center, vejo os restos de uma modesta casa, bombardeada há pouco por um poderoso míssil, numa rua empoeirada de Cabul.
Rio, 12/12/2001.
De repente, desperto sobressaltado. Barulhos ensurdecedores por toda parte me deixam aterrorizado. Abro os olhos, devagar, e examino em volta. Percebo ruínas e cheiro desagradável, que não consigo identificar. Clarões iluminam os céus. A poeira toma conta de tudo, e eu me sinto sufocar. Onde estou? Como vim parar aqui? Ninguém por perto para responder às minhas perguntas aflitas. Começo a caminhar e caio. O chão está todo esburacado e ouço gemidos. Vou ao encontro deles. Vêm de baixo. Levanto umas tábuas com esforço e consigo localizar de onde vêm os sons. Esgueiro-me entre alguns pedaços de parede, ainda de pé, e encontro um pequeno vulto . Está enrolado em uma esfarrapada manta. Os gemidos aumentam e eu tomo aquele corpo, que se prende ao meu pescoço e me crava as unhas, em desespero, mas que logo se entrega quando o aperto contra o peito. Temos de sair dali, porque tudo range em volta, ameaçando desabar. Corro e tropeço, a cada instante, mas continuo agarrado àquele corpo que já não reage.
Novas explosões me fazem pensar que agora será nosso fim, mas elas cessam e eu vejo luzes que vêm em minha direção. Percebo homens berrando ordens, mas não entendo o que dizem. Eles estão tentando apagar um fogaréu que vejo à minha frente. Minha mente se ilumina como o clarão que quase me cega! Será que estou numa das torres do World Trade Center? Será que sou testemunha viva da imensa tragédia que se abateu sobre as inocentes vítimas do centro comercial norte-americano? Percebo, agora, que o cheiro estranho que antes senti era uma mistura de carne humana carbonizada junto com madeira e óleo queimado.
- Meu Deus, o que esses terroristas fazem com seus semelhantes! Que gente é essa, sem entranhas, que atinge a todos, indiscriminadamente, por uma causa que eles tentam impor ao mundo como justa?
Agarrado ao corpo, quero chegar logo junto a alguém, para expressar minha indignação e horror; quero berrar o meu protesto contra o terrorismo que arrasa o que encontra pela frente, implacavelmente.
Aquela criança no meu colo é a prova de que necessito para me engajar na luta contra esses odiosos destruidores da vida alheia. Livro-me dos últimos escombros e corro na direção do vultos mais próximo. Ele me ilumina o rosto, e vai ao meu encontro, esticando os braços para recolher o pequeno corpo enrolado na manta. Outras pessoas vêm até nós, com tochas e lanternas e aí vejo que os homens têm turbantes e as mulheres, véus. Olho para trás e, em lugar dos escombros do World Trade Center, vejo os restos de uma modesta casa, bombardeada há pouco por um poderoso míssil, numa rua empoeirada de Cabul.
Rio, 12/12/2001.
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